"Era noite, eu estava voltando para casa a pé, escutando
música, quando sinto uma mão forte no meu ombro. Viro imediatamente, avisto um
homem, o qual não consigo ver o rosto. Ele era alto, carregava uma mochila e
estava com as mãos nos bolsos do casaco. A primeira coisa que vem à minha
cabeça foi: “Meu Deus, chegou a minha hora. O que eu devo fazer numa hora como
essas?? Vou entregar tudo que tenho, até minha vida se ele quiser.”
- Olha, se você quiser, pode me matar aqui e agora, mas por
favor, fala pra minha mãe que não foi suicídio. – falo desesperada.
- Que? Não, moça, não é nada disso! Perdão, não queria
assustá-la tanto. – disse o estranho, abaixando o capuz, com expressão de
culpa.
Poxa, Deus. Até nisso eu falhei? Justo agora que pensei que
ia me livrar dessa vida, não posso acreditar nisso.
- Ah, serio? Tarde demais. – digo, fazendo questão de ser
bem rude.
Coloco os fones e adianto o passo, o que não adiantou muito.
Logo em seguida, senti aquele mesmo toque. Será que ele não vai me deixar em
paz? Que droga, depois desse dia eu só queria chegar em casa.
- Desculpa, mas eu só queria uma informação. Podes me dizer
onde fica a estação de metrô?? Eu estou totalmente perdido nessa cidade. –
disse o estranho, quase entrando em pânico.
- Você vira essa esquina aqui e não tem erro, só seguir
reto. – falo, apontando para o lugar.
Eu não podia simplesmente deixa-lo perdido, certo? Eu já fui
nova em Salvador um dia e não tive ninguém para me ajudar. O homem agradece
inúmeras vezes e vai embora. Finalmente! Um pouco de paz para chorar.
Chego em casa chorando, vou direto para o banho, onde
consigo me acalmar um pouco. Vou direto na geladeira procurar alguma coisa pra
comer e vou para o computador, o meu lugar precioso. Encontro meus amigos no
Skype e vamos jogar algumas partidas de League Of Legends.
- E aí, galera. – digo desanimada.
- Qual foi, Ana? Você parece mais triste que o normal. – diz
o Mateus.
- Nada, tirando o fato de que chorei na frente de um
estranho, enquanto dizia que poderia me matar, quando na verdade, ele só queria
saber onde era o metrô. – disse, num tom de ironia.
- Ué, Cait, você tá tão triste a esse ponto? – disse o
Guilherme.
- Você não tem ideia, my lord. – disse, rindo alto. – Onde
está o resto da equipe?
- Por enquanto só tem a gente aqui, o Tom disse que só vai
poder jogar mais tarde. – disse o Mateus.
- Ah, beleza. Vamos uma agora logo? – falo animada.
- Agora mesmo, minha adc. – disse o Guilherme.
Apesar de não ser tão popular e ter tantos amigos na vida
real, aqueles amigos virtuais eram simplesmente maravilhosos. Eu adorava jogar
e passar o tempo com eles, sem contar que eles me entendiam mais do que eu
mesma. Na vida real, eu só tinha alguns amigos, uns seis, no máximo. Eles eram
maravilhosos também, adorava conversar com eles e às vezes sair. "